Sei para onde vou @
pela ansia de galgar a distância @
de onde estou @
para o que não sou @
*** Maria José Rijo
@@@@
Sonhos em que acreditei -- causas que defendi
Sei para onde vou @
pela ansia de galgar a distância @
de onde estou @
para o que não sou @
*** Maria José Rijo
@@@@
Sonhos em que acreditei -- causas que defendi
Vou usar “a lição”doSenhor Cónego Alegriaao falar sobre a história da música em Elvas, para se entender ainda melhor, para além do valor real, o que simboliza o Órgão da Sé de Elvas, como património cultural, - até – do nosso País.
.
Passo a citar alguns excertos da sua notável palestra:
“…com efeito, (esta) história de Elvas… começa em 1513 com o alvará concedido peloRei D. Manuel I, outorgando-lhe o título de cidade, título que implica automaticamente, por direito e, por vontade do Soberano, a promoção de Elvas a sede de bispado.
…….. Em 1571 foi, finalmente proposto para primeiro Bispo de Elvas D. António Mendes de Carvalho, sagrado na igreja de S. Vicente de Fora em Lisboa.
Fora em Lisboa, no terceiro domingo de Setembro de 1571.
O novo bispo não era um clérigo vulgar; fizera estudos em Paris e ensinara na Universidade de Coimbra. Entretanto nesta cidade competia-lhe organizar o seu bispado nos moldes de todos os outros da Cristandade
….Nesses tempos, era preocupação essencial e imediata, fornecer a Sé Catedral dos meios humanos e económicos para lhe dar independência suficiente para que a liturgia pudesse alcançar a solenidade prescrita pelas rubricas dos respectivos livros aprovados pela Autoridade de Roma. Para o conseguir faziam-se articulados legais obrigando as Capelas, assim como o artista que serviria a igreja.
Tudo foi feito exemplarmente por D. António Mendes de Carvalho e esses suplementos, felizmente, chegaram intactos aos nossos dias como normas que disciplinaram toda a actividade da nova Sé de Elvas.
Na época o mandato decorria sob o reconhecimento e valorização da cultura na formação do individuo e enobrecimento da sociedade, tentando despertar a Cidade para a recuperação de valores patrimoniais que pudessem restaurar “velhos” e importantes tradições da história local – tais como os concertos de órgão – e relembrar a importância que Elvas tivera no campo musical principalmente nos séculos XVI e XVII.
Tínhamos - até – emoldurado e posto na parede da sala de leitura o texto de Sophia de Mello Breyner Andersen
A cultura também é higiene, defesa do ambiente, defesa da Natureza. E, também as boas maneiras, a forma de pronunciar as palavras a forma de construir e habitar a cidade ou a aldeia, a forma de cultivar os campos, a forma de entender o trabalho. E, também a consciência da história e a consciência dos problemas e das possibilidades do presente.
Não é apenas a atenção que damos à luz, ao ar, à terra, à água, ás outras pessoas! O apoio às mulheres grávidas e à primeira infância, a recuperação e a integração dos deficientes são obrigações sociais mas são também actos criadores que definem a consciência cultural de uma sociedade.
Tendo pois que fazer escolha entre os órgãos das igrejas da cidade, ao ser beneficiado apenas um – teria de ser escolhido o precioso exemplar que a Sé possui.
Presidente do Instituto Português do Património Cultural
Campo Grande, 83
1799 – Lisboa Codex
21 de Setembro de 1982
ASSUNTO: - Tratamento de Pinturas existentes na Sé de Elvas
Em referência ao oficio acima indicado, tenho a honra de informar V.Exª, de que as pinturas da Sé de Elvas foram examinadas no local em 12 de Abril último.
Embora não se torne urgente o seu restauro, terão de ser tratadas no Instituto, segundo uma ordem de prioridades a estabelecer e o tempo que houver disponível. Face ao grande número de trabalhos em curso nas oficinas.
Com os melhores cumprimentos.
O Conselho Directivo.
P:S: - As fotografias enviadas a título devolutivo, por serem necessárias à documentação do processo, só serão devolvidas depois da realização da brigada.
.
De:
Instituto Português do Património Cultural
Rua Ocidental ao Campo Grande, 83 – 1º Piso
(Edifício da Biblioteca Nacional)
1799 Lisboa Codex
Para:
Exmo. E Reverendo
Padre Joaquim José Carneiro de Mello
Avenida D. Sancho Manuel nº 22
7350 Elvas
18 de Outubro de 1982
ASSUNTO: - Tratamento de Pinturas existentes na Sé de Elvas
Em referencia ao assuntoem epigrafe, cumpre-me levat ao conhecimento de V. Reverência, para os devidos efeitos, fotocópia da informação prestada sobre o assunto pelo Instituto de José de Figueiredo.
Com os melhores cumprimentos.
O Vice-Presidente
Justino Mendes de Almeida
..................
DE:
Instituto Português do Património Cultura
Departamento de Musicologia
Palácio Nacional da Ajuda
1300 Lisboa
PARA:
Exmo Senhor:
Pároco da Igreja de Nossa Senhora da Assunção (Sé)
7350 Elvas
8 de Março de 1984
ASSUNTO: - Restauro de Órgãos
Informo V. Exa. De que, devido aos condicionalismos financeiros actuais, não será possível, durante o corrente ano, encarar a possibilidade de restauro do órgão desse Monumento.
Em referência à carta acima mencionada, solicito de V. Exa. Se digne enviar a estes Serviços, fotografias, se possível coloridas, das pinturas em causa, - Sé de Elvas -, a fim de se avaliar da possibilidade de restauro.
Com os melhores cumprimentos,
O Vice-Presidente,
Justino Mendes de Almeida
..
Elvas, 15 de Abril de 1982
Exmo. Senhor
Doutor Joaquim Mendes de Almeida
Digmo Vice-Presidente do Instituto Português do Património Cultural
Rua Ocidental ao Campo Grande, nº 83 – 1º Piso
1799 LISBOA CODEX
Respondendo à carta de V. Excia de 9 de Março de 1982, com a referência 82/11(24), envio inclusas as fotografias pedidas, sendo a do grande painel de Lorenzo Gramiera(1); e o de Santo António é atribuído a Bento Coelho da Silveira(2); e o autor do outro desconheço neste momento.
Agradeço muito a melhor atenção, que este assunto mereceu e subscrevo-me atenciosamente
Agradecemos a carta de V.Reva. referente ao órgão da Sé de Elvas e também a interferência de Revmo. Cónego Dr. José Augusto Alegria.
Depois de consultar o nosso arquivo podemos informar o seguinte.
Em fins de 1959, há portanto 23 anos, fizemos uma estimativa para reparação do órgão, tendo a Direcção Dos Monumentos Nacionais mandado iniciar a obra.
Construímos um novo fole que foi transportado para aí e guardado na antiga casa dos foles.
No ano seguinte os trabalhos não continuaram, como estava previsto, julgamos que por falta de verba.
Quanto a nós, é-nos impossível tomar conta de qualquer trabalho antes do próximo ano.
Agradecendo mais uma vez, subscrevemo-nos muito atentamente
Conhecedores das personalidades envolvidas e situados no tempo – Relembremos:
Quando tomou conhecimento da proposta para a recuperação do Órgão, foi a Comissão Organizadora – a nível local – contactada pelo saudosoSenhor Padre José Joaquim Carneiro de Melo (o Senhor Padre Melo como era carinhosamente conhecido na cidade) – congratulando-se com a proposta de tal realização e, pondo à disposição da dita Comissão, as provas dos esforços por si efectuados – em vão – com o mesmo louvável intento.
Elvas, 16 de Março de 1981
Exmo. Senhor:
Engenheiro João Sampaio
Digmo Organeiro Oficial dos Monumentos Oficiais
Travessa do Monte, nº 7
1100 Lisboa
Ando preocupado com o órgão da Sé de Elvas ( séc. 18), desde há alguns anos.
Dizem-me que, em tempos, levaram os foles para Lisboa, mas não me sabem dizer nem quem, nem para onde.
Com aquele peso e volume, a sua deslocação só poderia ter sido feita de acordo com OS EDIFICIOS E MONUMENTOS NACIONAIS.
Estão dezenas de tubos tirados, certamente com a intenção de os colocarem novamente.
Estão a ser cuidadosamente limpos do pó e recolocados pela mesma ordem…
Há dias, falando com o meu colega de Évora, Cónego Dr. José Augusto Alegria, sobre este assunto e solicitando-lhe colaboração, ele indicou-me V.Excia e foi perentório em afirmar que V.Excia ou me ajudaria a resolver o problema ou me indicaria o rumo certo, que deveria tomar. E é o que venho pedir-lhe.
Não me conformo que o órgão continue indefinidamente silenciado.
Ele deve ser igual ou parecido ao da Sé, digo, ao da Capela-mor da Sé de Évora, e é o único que temos na cidade com este porte.
Desde já agradeço a V.Excia toda a ajuda, que me possa dar e as indicações, que julgar mais úteis.
Subscreve-se, com muita consideração,
O Pároco de Nossa Senhora da Assunção (Sé), de Elvas
Quando das celebrações em Elvas de -O dia Mundial da Música 1987 – que a Secretaria de Estado da Cultura e o Instituto Português do Património Cultural – patrocinaram no primeiro mandato da Câmara presidida pelo Dr. João Manuel Valente Carpinteiro – uma das contrapartidas que a cidade recebeu foi, para além da criação da Casa da Cultura, e do apoio à criação da Escola de Música, o “restauro do Órgão da Sé”, e, ainda a edição fac-similada do Cancioneiro de Manuel Joaquim - seu achador - ou de Públia Hortênsia de Castro, como é mais conhecido.
Eram ao tempo -Secretária de Estado da Cultura a Senhora Drª. Dona Teresa Patrício Gouveia.
Estava no departamento de Musicologia do IPPC o Senhor Dr. Humberto d´Ávila sendo Presidente do referido Instituto, o Senhor Engenheiro António Lamas.
Foram oradores oficiais das cerimónias a Senhora Profª Doutora Maria Augusta Barbosa, professora jubilada da Universidade Nova de Lisboa, (Departamento de Ciências Musicais, na altura docente da Faculdade de Letras de Lisboa, e, também na Universidade Autónoma de Lisboa “ Luís de Camões”( Universidade Particular)
E, também - O Senhor Cónego José Alegria, membro do Cabido da Sé de Évora, Sócio da Consotiatio Internationalis Musicae Sacrae, de Roma; Sócio correspondente da Academia Portuguesa de História; Sócio do Instituto Interamericano de Museologia (Uruguai); Sócio Honorário da Sociedade Brasileira de Musicologia; Sócio da Pontifícia Academia Mariana Internationalis, de Roma e membro da Sociedade Española da Musiologia e da Sociedade Portuguesa de Estudos Medievais.
(estas conferências foram, ambas, editadas em livro pela Câmara de então.